sábado, 4 de setembro de 2010

8.


A coroa do Rei se esvai sobre as montanhas sonolentas, dando lugar a sua benevolente companheira. Seus dedos alvos penteiam a Terra, acordando as marés. Sua bondade é tanta, que faz da noite a voz da memória. A chuva suspira lámurias e orações ininteligíveis que os corações derrubam ao subir. Sonhos e esperanças são deixados na Terra, florescendo nos galhos dos carvalhos durante a primavera. De lá, eles conseguem vê-los. De lá, eles querem alcançá-los. Por isso, eles voltam. O sopro que corre a relva durante a noite espalha seus momentos felizes. A poeira das estradas se agita com nomes de todos os tempos, de todos os lados, de todos os corações. O vento e a chuva sempre sussurram-me desculpas. O toque cuidadoso sobre o mar acalma os que sofrem, e faz seu imenso tapete negro em memória dos amantes que se separaram. Se você ouvir bem as ondas dentro das conchas, o ouvirá ao seu lado.
O firmamento reluz com os amores que um dia todos perdem.
Ele brilha para mim.
Acho que meu amor já morreu.


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