Admito que no começo eu achava reconfortante. Certo. Uma justiça universal que deve existir, se nada é por acaso e tudo está interligado. E, olha, lá no fundo, eu ainda acredito nisso. Mesmo.
Mas é difícil aceitar o que não é pra ser, quando é tudo que você queria que fosse.
Quando é tudo que você sempre esperou, mas de uma forma torta. De uma forma em que os sacrifícios seriam altos, mais altos do que eu poderia pagar ou aguentar (assim imagino). Isso te põe num xeque-mate, de acreditar na Justiça, e aceitar que o que aconteceu é tudo consequência de atos seus. Não só do tal "destino", que não é predestinado e que pode ser mutável.
Por isso eu me pergunto: quando sabemos que devemos lutar? Quando nasce o sentimento de "isso é meu, ninguém vai me tirar"?
Eu realmente não sei. Nunca senti. Só sei que aprendi, e muito, com as conjecturas que preenchem minha cabeça noites e noites a fio.
Nos últimos meses, devo ter envelhecido 10 anos. E isso é bom, porque vida é movimento, é processo, é mudança. Se eu não tivesse passado pelo que passei, ainda estaria estagnada num achar que não corresponde a realidade. Não que eu vá mudar meus princípios, mas vejo uma parte mais funda do ambiente e do momento em que vivo: a juventude é realmente um grande clichê. E eu faço parte desse grande clichê - temporariamente, por enquanto, é transitório.
Portanto, eu preciso saber dessa juventude. E olha, eu aprendi. Muito. Sobre muitas coisas.
E uma dessas coisas foi que muitas das coisas que fazemos são efêmeras e deverão deixar de ser. Pelo menos, pelo que tenho visto, para mim. Para outras pessoas eu não sei, elas parecem conseguir se apegar mais, se envolver mais, e conseguem fazer mais falta para os outros, mesmo que essa falta seja passageira.
Mas não para mim. Para mim, foi dado um desafio, que eu ainda não sei qual é. Aceitar? Lutar? O que eu faço quando não cabe a mim a decisão maior?
Eu sempre acreditei que seria diferente comigo. Que, por achar que merecia, realmente merecia. Sem turbulências, sem problemas. Mas as vezes, pra chegar aonde queremos, o mal tempo é necessário.
E aqui estou. Aguardando a tempestade passar. Aguardando minha hora chegar. Aprendendo a jogar, aprendendo a fortalecer o invólucro, treinando a impessoalidade para quando precisar dela. Colocando o coração um degrau mais alto para proteger ele da água que invade o peito quando chove.
E, se tiver que ser, eu vou fazer ser. Ah, se vou.