segunda-feira, 13 de maio de 2013

27.

Eu acariciei a superfície do espelho, a palma da mão deixando um rastro quente e embaçado por todo meu reflexo. Estava lá, distorcida pelo calor, pelo toque, toda minha feição perdida entre as gotículas de suor.
Aos poucos, voltei a ser discernível. Mas a trilha dos meus dedos ainda transparecia, cortando o reflexo de um ponto a outro de meu rosto. 
Franzi o cenho. Peguei um batom - um daqueles que as pessoas usam para me descrever - e pintei meu coração em escarlate, na superfície polida a minha frente. 
Sorri. E escrevi ao lado "Um dia eu te encontro."
E os caminhos de outros toques vão desaparecer da minha imagem, tenho certeza.

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