Sopravam delicadamente, as pontas de metal cristalino no ar.
Uma a uma, suas cordas sussurraram a melodia tranquila da noite pra dentro das cortinas do meu quarto, que embaladas pelo som também dançaram. Pano branco, macio, imaculado, espanou algumas cinzas da fumaça do incensório; as brasas lucilaram em rodopios rápidos contra a escuridão parcial. As sombras que a Lua forçava a entrar tocavam meu rosto na escuridão; silhuetas das arvores a distancia estavam aqui, como se não houvesse tantos e tantos metros entre nós. Assim eu me peguei pensando: "Ah, silhuetas de sombra significam luz, em algum lugar, e algo concreto, entre o ponto final e o inicio".
Mas do fim, já se sabe.
Sombras dançam sobre um rosto. E, bem, o rosto não é o seu — que já acomoda outra luz em sua superfície. Luz por luz, eu também fui. Eu também projetei suas sombras em alguma coisa; sombras essas que de tamanho eu pouco sabia reconhecer, afinal, quem saberia? Projetei suas sombras com toda a luz que consegui. Mas as luzes variam entre si. Lânguida e delicada como chama de vela, sedutora e dúbia — ah, essa não mostra o escuro do objeto; essa mascara e adula. Mas essa chama apaga. Acaba. Cansa do pavio, cansa da cera. Não existe, e deixa a sombra ser o que bem entender — acho que era desse tipo de luz que você estava procurando.
Luz por luz, prefiro ser como a Lua.
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