
Eles agora caminhavam pelo pequeno caminho entre os pés de uva. Cada uma, refletindo a luz alva da lua, igualando-se a pequenas pérolas. Ele a havia convidado com os olhos, curvando-os numa brincadeira certeira. Os dois saíram assim que o jantar acabou, e ele a puxara pela mão até a varanda de madeira. Ela o seguiu, em passos trôpegos e desajeitados, imaginando o que aquilo significaria - apesar de tudo, não se permitia sonhar. Ele escorou as costas na grade de segurança, ficando de costas para toda a beleza daquele retiro montanhoso e fixou seus olhos nos dela. Como alguem poderia ignorar o mar, não tão longe, batendo na alcantilada? Por que continuava olhando para ela? Por que sorria?
Ele olhou por cima dos ombros tensos da garota, e seus olhar tornou-se cauteloso. Desenhou com a boca um convite para caminharem um pouco. Riu da falta de reação dela, e quando começou a descer as escadas que os levavam para fora percebeu que ela não o seguira.
Com um olhar astuto, ele tornou a subir as escadas, cruzando os braços esguios e tenros preguiçosamente ao se apoiar no corrimão.
"Vamos", murmurou ele. Sua voz veio tranquila, mas o comando ricocheteou o coração dela.
Merda. Ela havia sentido o coração.
Não era para acontecer. Seria apenas uma reunião de família na antiga vinícula. Como ela iria imaginar que seus tios haviam convidado amigos? E que esses amigos trariam um filho?
Uma maldição.
Ele revirou os olhos, e sorriu para ela carinhosamente.
"Eu preciso conversar com você. Por favor, Marie."
Ela pestanejou, escondendo a frustração. Sorriu, concordando com uma mentira. "É claro."
A noite de verão estava úmida e quente. Apenas seus passos eram ouvidos. Ele conversou com ela enquanto caminhavam por entre os conjuntos de videiras. Ela fitava os pés a maior parte do tempo, rindo bobamente enquanto ele falava com ela.
Eles se aproximavam do final do penhasco, o mar ecoava nas pedras escarpadas que circundavam aquela baía.
Ele caminhou um pouco mais e parou, olhando o horizonte.
Ela assistiu-o em silencio um pouco. O vento era uma vaga presença entre os dois, e mesmo assim, trouxe o perfume do rapaz, que embriagou-a.
Ela colocou as mãos sobre o coração e as apertou, angustiada. Os pensamentos que lhe ocorriam eram estúpidos. Ela queria ignorar aquelas frases piegas, mas não conseguia. O diagnóstico era claro: estava a... pai... xo...
"Marie", ele disse, e se voltou novamente para ela. Os olhos que sempre espelharam sagacidade e atrevimento estavam enternecidos. Era como se o azul tempestuoso de seus orbes marolassem sob o efeito da lua. Um, dois, três passos. Recuo. A mão firme dele subiu para os próprios cabelos desalinhados, como se ele estivesse sem jeito. Um suspiro. O espaço entre eles não era tanto. Ela poderia alcançá-lo se esticasse os braços, mas... e depois? O que ele queria? O que estava fazendo ali? Será que...? Não. Ele não iria.
...Iria?
Não. Não com ela. Ele não podia gostar... ele não podia se declarar para ela...
E seus rosto tornou-se rubro enquanto ela pensava num tímido "Poderia?"
"Marie"
Ela levantou os olhos, e encontrou-o sorrindo levemente.
"S-sim?"
"Sabe como...", ele se interrompeu. "Eu não esperava me divertir tanto vindo aqui."
Ela sorriu-lhe, concordando.
"E, sabe, eu não imaginava que iria conhecer tantas pessoas legais. Na verdade, achei que seria um saco. Sabe. Vir pra esse fim de mundo, mas..."
Ela engoliu em seco.
"Mas... Marie, eu adorei ter vindo. Sua família... é íncrivel. Esse lugar é incrível. E, eu fiz tantos amigos. Seus primos, seus tios, você..."
O coração de Marie deu um salto. Ele alongou mais ainda o sorriso.
"Sabe, você se tornou uma amiga. Mesmo. Acho que eu... confio em você. Sabe, Marie, eu...", ele parou, torceu a boca, constrangido. "Eu... eu posso te contar uma coisa?"
Marie sentiu o rosto enrusbecer e o coração quase saltar do peito. Será...?
"Não é fácil pra mim. Eu nunca... sabe, nunca senti isso. Sempre achei patético. Mas, dizer pra você... não tem problema". Ele cravou os olhos nos dela e um calor lacinante subiu pelo peito de Marie.
"Marie... eu... eu gosto... d..."
Ela sentia que o coração fosse explodir.
"...de Camille."
O mar quebrou lá embaixo. O ar escapou dos pulmões de Marie silênciosamente, fazendo seu corpo amolecer. Tão. Previsível.
"Puxa! Nossa, Marie. Achei que nunca conseguiria dizer, mas sua prima... ela... é íncrivel. E vocês são amigas, pensei que... talvez..."
O sorriso sereno de Marie mentia. Naquele momento, dentro dela ocorriam grandes destruições. Um armagedom particular. Seu coração desmoronava, corroendo-se na realidade.
Ele olhou por cima dos ombros tensos da garota, e seus olhar tornou-se cauteloso. Desenhou com a boca um convite para caminharem um pouco. Riu da falta de reação dela, e quando começou a descer as escadas que os levavam para fora percebeu que ela não o seguira.
Com um olhar astuto, ele tornou a subir as escadas, cruzando os braços esguios e tenros preguiçosamente ao se apoiar no corrimão.
"Vamos", murmurou ele. Sua voz veio tranquila, mas o comando ricocheteou o coração dela.
Merda. Ela havia sentido o coração.
Não era para acontecer. Seria apenas uma reunião de família na antiga vinícula. Como ela iria imaginar que seus tios haviam convidado amigos? E que esses amigos trariam um filho?
Uma maldição.
Ele revirou os olhos, e sorriu para ela carinhosamente.
"Eu preciso conversar com você. Por favor, Marie."
Ela pestanejou, escondendo a frustração. Sorriu, concordando com uma mentira. "É claro."
A noite de verão estava úmida e quente. Apenas seus passos eram ouvidos. Ele conversou com ela enquanto caminhavam por entre os conjuntos de videiras. Ela fitava os pés a maior parte do tempo, rindo bobamente enquanto ele falava com ela.
Eles se aproximavam do final do penhasco, o mar ecoava nas pedras escarpadas que circundavam aquela baía.
Ele caminhou um pouco mais e parou, olhando o horizonte.
Ela assistiu-o em silencio um pouco. O vento era uma vaga presença entre os dois, e mesmo assim, trouxe o perfume do rapaz, que embriagou-a.
Ela colocou as mãos sobre o coração e as apertou, angustiada. Os pensamentos que lhe ocorriam eram estúpidos. Ela queria ignorar aquelas frases piegas, mas não conseguia. O diagnóstico era claro: estava a... pai... xo...
"Marie", ele disse, e se voltou novamente para ela. Os olhos que sempre espelharam sagacidade e atrevimento estavam enternecidos. Era como se o azul tempestuoso de seus orbes marolassem sob o efeito da lua. Um, dois, três passos. Recuo. A mão firme dele subiu para os próprios cabelos desalinhados, como se ele estivesse sem jeito. Um suspiro. O espaço entre eles não era tanto. Ela poderia alcançá-lo se esticasse os braços, mas... e depois? O que ele queria? O que estava fazendo ali? Será que...? Não. Ele não iria.
...Iria?
Não. Não com ela. Ele não podia gostar... ele não podia se declarar para ela...
E seus rosto tornou-se rubro enquanto ela pensava num tímido "Poderia?"
"Marie"
Ela levantou os olhos, e encontrou-o sorrindo levemente.
"S-sim?"
"Sabe como...", ele se interrompeu. "Eu não esperava me divertir tanto vindo aqui."
Ela sorriu-lhe, concordando.
"E, sabe, eu não imaginava que iria conhecer tantas pessoas legais. Na verdade, achei que seria um saco. Sabe. Vir pra esse fim de mundo, mas..."
Ela engoliu em seco.
"Mas... Marie, eu adorei ter vindo. Sua família... é íncrivel. Esse lugar é incrível. E, eu fiz tantos amigos. Seus primos, seus tios, você..."
O coração de Marie deu um salto. Ele alongou mais ainda o sorriso.
"Sabe, você se tornou uma amiga. Mesmo. Acho que eu... confio em você. Sabe, Marie, eu...", ele parou, torceu a boca, constrangido. "Eu... eu posso te contar uma coisa?"
Marie sentiu o rosto enrusbecer e o coração quase saltar do peito. Será...?
"Não é fácil pra mim. Eu nunca... sabe, nunca senti isso. Sempre achei patético. Mas, dizer pra você... não tem problema". Ele cravou os olhos nos dela e um calor lacinante subiu pelo peito de Marie.
"Marie... eu... eu gosto... d..."
Ela sentia que o coração fosse explodir.
"...de Camille."
O mar quebrou lá embaixo. O ar escapou dos pulmões de Marie silênciosamente, fazendo seu corpo amolecer. Tão. Previsível.
"Puxa! Nossa, Marie. Achei que nunca conseguiria dizer, mas sua prima... ela... é íncrivel. E vocês são amigas, pensei que... talvez..."
O sorriso sereno de Marie mentia. Naquele momento, dentro dela ocorriam grandes destruições. Um armagedom particular. Seu coração desmoronava, corroendo-se na realidade.
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