domingo, 31 de março de 2013

23.

No coração, a água negra transbordou
Bem devagarinho, pingou no chão
Os pés afundaram ali
A ponta da faca ainda no peito
Fazia gotejar o vazio de forma tão dengosa
Tão delicada
Que nem passou pela cabeça tirá-la dali

domingo, 24 de março de 2013

21.



Que estranha essa mudança.
Você não imagina a revolução que eu tenho no peito agora. Nem eu imagino. Na verdade, não quero prestar atenção nela. Tá tudo mais turbulento, menos claro e mais difícil. Eu vejo que conclui mal — a informação não impede algo de continuar a ser. É triste, entender o que pensam. Como pensam. E saber que tanta coisa poderia mudar, se a razão fosse acompanhada de coragem e coração.
Com meus botões, também concluo o quão fracos eram os ventos que faziam seus olhos encontrarem os meus. E dos meus olhos, a luz não bastar. E do meu coração, a coragem não diferenciar. As marcas que a minha pele ganhava, o quase rubor que não chegava a superfície — por causa de um sorriso. 

Ah, o que eu ofereceria.
Parece prepotência, mas tenho certeza que nem a luz você veria da mesma forma. Sabe porque? Ela faria sentido. Tudo faria sentido. A vida seria mais um intervalo, dentre tantos outros que vivemos. Você encontraria aquele mundo, aquela outra realidade e o conforto que procura — da sua forma, é claro —, eu teria alguém para me acompanhar por um tempo. Teríamos um propósito em comum, e então, serias um verdadeiro Amigo, mesmo que não continuássemos de mãos dadas pela vida. 
Há tanto ainda para se ver. Tanto, tanto, tanto, meu amigo.

Nos vemos por aí.

sexta-feira, 15 de março de 2013

20.


Um dois três, um dois três.
— Dança comigo?
— Só se chover.
Um dois, um dois
— Sabia que chuva é quase a musica que vem de casa? Ah, que saudade.
— Ah, que saudade. Mas dance, dance que a saudade passa.
— Um pouquinho. Quase nada.
 Um dois três um dois três.
— Tem pessoas que dão saudade, que nem a chuva. Quase como se já tivéssemos dançado juntas.
— Algumas ouvem a musica também. Olhe lá, quantas pessoas dançando junto com você. Vem. Dança mais um pouco.
— Danço, mas meu coração não se move, ele não quer dançar.
— Meu bem, seu coração é o que esta fazendo chover. Olhe que bonito.
— É bonito, meu coração faz chover devagarinho.
(...)
— Não para, quero que chova pra sempre
— Então dança. Deixa o coração inundar o mundo.
Um dois três, um dois três, um dois três.

quinta-feira, 7 de março de 2013

19.

Foi num rompante de indignação que resolvi enterrar meu punho no espelho.
Um murro.
Doeu.
Acho que cortei alguma coisa. 
Opa.
Pronto. Acordei.
Oh, Deus.
Isso é sangue?